Eu estava indo para o hotel com os meus pais, estávamos fazendo uma viajem de férias. Fomos para uma cidadezinha bem simples, meus pais não gostam muito de luxo, por isso que às vezes eu penso se sou realmente filha deles. O hotel estava praticamente vazio, se tinha dois casais e um adolescente lá era muito, e os móveis eram meio velhos. Meu pai foi no balcão para pegar a nossa chave, subimos rapidamente porque estava chovendo muito e relampeando também. Eu, como uma boa leitora, fui à biblioteca do hotel e lá tinha livros muito velhos, cheios de poeira que parecia ter séculos que ninguém entrara lá. De repente um trovão fez um estrondo enorme e as luzes começaram a piscar, eu sai depressa da biblioteca e dei de cara com uma mulher pálida com trajes que pareciam da idade média. Ela olhou para mim com uma cara sinistra.
“Menina, você não devia ficar andando pelo hotel a essa hora da noite, agora é hora de outras coisas vagarem por ai.”-disse a mulher com sua cara estranha.
“Desculpe-me, eu só estava indo à biblioteca para pegar um livro.”-eu disse
“Se você quer saber de histórias boas, está indo ao lugar errado”. -disse ela virando-se para o corredor da sala de entrada.
“Onde então posso encontrar histórias boas?”. – Não resisti, sou uma leitora compulsiva, saber histórias era minha vida.
“Venha comigo”.
Essa mulher estranha me levou a uma sala afastada dos quartos de hospedes, era um quarto todo branco e com pouca iluminação, e lá tinha uma senhorinha sentada em uma cadeira, olhando pela janela.
“Jane tem visita. A menina quer saber a história”-disse a mulher estranha para a senhorinha.
A mulher me mandou sentar do lado da senhorinha e foi então que eu percebi que ela tinha marcas de queimadura em sua pele.
“Vamos lá menina bonita, você tem que ser corajosa para ouvir essa história, depois que passa a conhecê-la, ela vai ficar junto de você”-disse a senhorinha com um rosto de dar medo.
“Contar-lhe-ei a história de uma menina que aqui morava. Há muitos anos atrás, esse hotel era uma casa de luxo de uma família rica, o casal tinha dois filhos, a menina Emilly e o menino Steve. Eles tinham uma vida muito boa, os dois tinham tudo o que queria, a família poderia ser considerada perfeita, mas como nada na vida é invejado, havia um irmão da Mãe das crianças que morria de inveja dela, pois ela sempre foi a filha que teve tudo. Então, esse irmão impiedosamente colocou fogo na mansão com todos dentro. O casal e o menino conseguiram fugir, mas a menina Emilly estava dormindo e morreu incendiada em seu próprio quarto. Esse foi um dos casos mais falados na época, o irmão foi preso, mas o casal não podia recuperar a vida de sua filhinha. Esse foi o hotel que foi construído em cima da casa em que Emilly morreu e dizem que ela anda pelo corredores querendo brincar com as pessoas e ela não é muito fã de claridade.”
Cada fio de cabelo da minha pele estava arrepiado, aquela senhorinha estava me deixando apavorada, mas eu sei que essas coisas não existem e não havia nada com que temer.
“Cuidado menina, quando a gente desacredita nas coisas, ai mesmo que elas aparecem para mostrar que são reais”. – disse ela para me colocar medo.
Sai bem depressa de lá, eu estava com medo mais daquelas moças do que a história bizarra que a senhorinha me contou. No dia seguinte o clima ainda continuava chuvoso e eu como sempre acordei bem tarde, estava andando no corredor até que me deparei com uma menina com cabelos claros e cacheados e um vestidinho lindo no final do corredor.
“Olá pequena, o que você faz sozinha aqui?”-perguntei com o meu jeito simpático de ser
“Olha, não era eu que devia estão sozinha nesse momento, mas já que estamos aqui... Você que brincar?”-perguntou ela com um olhar misterioso.
Assim as luzes do corredor começaram a piscar e eu vi ela se aproximando de mim, eu estava sentindo algo queimando dentro do meu corpo, mas não havia nada perto de mim, o clima estava muito frio, porque eu estava queimando?”.
“Vamos ficar mais quentinhas para poder brincar melhor. Você é minha nova melhor amiga”.
Aquilo que eu estava sentindo, ficava cada vez pior e era um ardente agonizante, foi ai que lembrei que eu tinha uma lanterna no meu bolso caso houvesse um apagão como a TV estava prevendo. Fiz um esforço enorme para conseguir alcançar o meu bolso, mas consegui pegar a lanterna.
“Vamos fazer do meu jeito, que tal uma luzinha”. – falei com dificuldade.
Assim a menina desapareceu em um piscar de olhos, e eu nunca mais voltei num hotel. Agora acredito que existem coisas que humanos não conseguem explicar e é melhor acreditar-mos, se não eles viram atrás da gente. E agora? Você tem certeza que irá apagar a luz do seu quarto? Emilly estará te esperando para brincar.
